PrEP injetável: como funciona e por que não está disponível no Brasil
- Redação Uomini
- 12 de mar.
- 3 min de leitura
A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma das estratégias mais eficazes na prevenção do HIV, uma infecção que ainda afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

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Tradicionalmente, a PrEP é administrada via oral, com comprimidos diários. No entanto, avanços recentes na medicina trouxeram uma nova forma de prevenção: a PrEP injetável.
Este método promete revolucionar a prevenção do HIV, mas, por enquanto, não está disponível no Brasil.
O que é a PrEP injetável?
A PrEP injetável é uma forma de prevenção ao HIV que utiliza medicamentos de ação prolongada, administrados por meio de injeções intramusculares.
O principal medicamento utilizado é a cabotegravir, um antirretroviral que impede a replicação do vírus no organismo.
Diferente da PrEP oral, que exige a ingestão diária de comprimidos, a versão injetável é aplicada a cada dois meses, oferecendo uma alternativa mais conveniente para muitas pessoas.
O mecanismo de ação da cabotegravir é semelhante ao dos medicamentos orais: ela bloqueia uma enzima essencial para a replicação do HIV, impedindo que o vírus se estabeleça no corpo.
Estudos clínicos demonstraram que a PrEP injetável é altamente eficaz, com taxas de proteção superiores a 90% quando utilizada corretamente.
Benefícios da PrEP injetável
Conveniência: A principal vantagem da PrEP injetável é a redução da frequência de doses.
Enquanto a PrEP oral exige compromisso diário, a versão injetável requer apenas seis aplicações por ano, o que pode aumentar a adesão ao tratamento, especialmente para pessoas com dificuldade de manter a rotina de comprimidos.
Eficácia prolongada: A cabotegravir permanece no organismo por semanas, garantindo proteção contínua contra o HIV sem a necessidade de doses frequentes.
Discrição: Para algumas pessoas, tomar comprimidos diários pode ser um desafio devido ao estigma ou à falta de privacidade. A PrEP injetável oferece uma alternativa mais discreta.
Redução de efeitos colaterais: Embora a PrEP oral seja segura, algumas pessoas experimentam efeitos colaterais leves, como náuseas ou dores de cabeça. A versão injetável pode ser uma opção para quem prefere evitar esses sintomas.
Por que a PrEP injetável não está disponível no Brasil?
Apesar dos benefícios, a PrEP injetável ainda não foi aprovada no Brasil. Vários fatores contribuem para essa situação:
Regulamentação e aprovação: O processo de aprovação de novos medicamentos no Brasil é rigoroso e pode levar anos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige estudos clínicos robustos que comprovem a segurança e eficácia do medicamento antes de autorizar sua comercialização.
Embora a cabotegravir já tenha sido aprovada em países como os Estados Unidos e alguns da Europa, o processo no Brasil ainda está em andamento.
Custos e acesso: A PrEP injetável é significativamente mais cara do que a versão oral.
No Brasil, onde o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a PrEP oral gratuitamente, a incorporação da versão injetável exigiria um investimento considerável.
Além disso, a infraestrutura necessária para administrar injeções regulares pode ser um desafio em regiões com poucos recursos.
Priorização de estratégias existentes: O Brasil tem sido um líder global na implementação da PrEP oral, com programas bem-sucedidos que alcançam populações-chave, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e pessoas trans.
O foco atual do governo pode estar em expandir o acesso à PrEP oral, que já é comprovadamente eficaz e acessível.
Necessidade de educação e conscientização: A introdução de uma nova forma de PrEP exigiria campanhas de educação para garantir que as pessoas entendam como funciona, seus benefícios e possíveis efeitos colaterais. Isso demanda tempo e recursos adicionais.
O futuro da PrEP injetável no Brasil
Apesar dos desafios, há esperança de que a PrEP injetável chegue ao Brasil em um futuro próximo.
A demanda por opções de prevenção mais convenientes e eficazes está crescendo, e a pressão de organizações de saúde e ativistas pode acelerar o processo de aprovação e incorporação ao SUS.
Além disso, a experiência internacional com a PrEP injetável tem sido positiva, o que pode encorajar as autoridades brasileiras a considerá-la como uma ferramenta adicional na luta contra o HIV.
A combinação de PrEP oral e injetável pode oferecer uma abordagem mais flexível e personalizada, atendendo às necessidades de diferentes grupos populacionais.
A PrEP injetável representa um avanço significativo na prevenção do HIV, oferecendo uma alternativa conveniente e eficaz para quem busca proteção contra o vírus.
No entanto, sua disponibilidade no Brasil ainda depende de aprovação regulatória, investimentos e planejamento estratégico.
Enquanto isso, a PrEP oral continua sendo uma opção segura e acessível para a prevenção do HIV no país.
A introdução da PrEP injetável no Brasil pode fortalecer ainda mais as estratégias de prevenção, mas é essencial que isso seja feito de forma planejada e equitativa, garantindo que todos tenham acesso às melhores opções de cuidado disponíveis.
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